sábado, 13 de outubro de 2018

Terapia analógica

Meninas & meninos,

Depois de muito, muito tempo, por questões de saúde que me impediram de acumular a atividade profissional cotidiana de jornalista e a paixão que me move às canetas, papéis e tintas, estou voltando a postar na loja e, olha só, tentando voltar ao blog e demais atividades que nossa pequena papelaria requer. E esperando que alguém me leia, se não for esperar demais.

São tempos estranhos e muito tensos os que vivemos em nosso país. Nada mais propício do que o universo analógico para nos refugiar um pouquinho de tanta informação, de tanto monotema. Escrever uma carta com uma cor nova, de preferência, de preferência para um amigo que vive fora do país, se possível até em uma língua na qual a gente não se sente tão confortável quanto na língua materna. Usar o dicionário de papel. Um thesaurus - você já usou?

Um thesaurus é um dicionário analógico, que existe inclusive em português, descoberta que nunca me deixou ser a mesma, eu que além de tintas também sou louca por palavras. No momento em que redijo esse post ele está em meu ambiente de trabalho, de modo que não poderei dar um exemplo real, tirado da página tal. Mas vou explicar de uma maneira que espero ser clara, para você que o desconhece. E para você que o conhece deixar seu comentário e dizer se fui suficientemente didática.

Você escolhe a palavra e vê o campo de significado no qual ela está incluída. e for o adjetivo redondo, por exemplo, você abrirá no vocábulo 238 (ao final do livro, em ordem alfabética, você achará o número da palavra procurada). Ao lado de redondo encontrará as palavras forma, diâmetro, círculo, e por aí vai. Assim, terá uma rede de outras palavras que se ligam ao redondo que você quer usar.

Sentar e escrever uma carta num papel lindo, que não vaza do outro lado. Com uma caneta limpa, com uma tinta nova. Ou escrever a primeira página da sua dissertação de mestrado, do seu trabalho de conclusão de curso. Da carta para a amada, sei lá. Do poema arriscado. Escrever é uma maneira tão particular e criativa de estar consigo mesmo. De ouvir a própria voz ecoando e passá-la para as mãos.

Quando alguém lê, acho que tem que parecer que ouve. É sempre tão próximo, mas um próximo no tempo do outro. Que não escuta na imposição da voz falada, mas na pontuação do texto que lê no ritmo dele. Manuscrita então nem se fala. Há a intimidade da caligrafia, tão em desuso e tão linda, sempre, mesmo que você a considere feia, mostra tanto da gente.

É isso, queridos. Hoje já é sábado, segundo dia do feriado prolongado. Ainda dá tempo de se envolver em um pequeno ritual de se preparar e escrever a carta sugerida, ou escrever qualquer coisa que se tenha vontade, em momento de silêncio, só com a voz de dentro.





Um comentário:

  1. Impossivel não se apaixonar por vc e por sua amável forma de nos conduzir aos encantamentos dos papeis, tintas e canetas tinteiro.
    Att

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Meninas & meninos, Depois de muito, muito tempo, por questões de saúde que me impediram de acumular a atividade profissional cotidiana...